sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A difícil tarefa de estudar a ciência política

Com o avanço das pesquisas na área da ciência política e sua percepção enquanto ferramenta importante na explicação das sociedades democráticas, ou não, os profissionais dessa área do conhecimento e de outras afins, tornaram-se mais requisitados para expressar suas opiniões e explicar seus métodos de investigação e análise através dos canais de comunicação de massa.
A partir de um dado momento, alguns acadêmicos e intelectuais se apressaram em ocupar esse espaço midiático, com o consentimento e a parceria dos grandes jornais, é claro. Assim como os economistas dos banqueiros e de instituições tradicionais faziam há algum tempo, agora os denominados cientistas políticos procuram se identificar como especialistas sobre os aspectos que envolvem as principais questões das relações sociais e políticas, em particular no Brasil.
A formação de um bloco de especialistas nas áreas das ciências políticas e econômicas em parceria com os grandes grupos de comunicação parece sugerir que os porta-vozes da sociedade, podem, enfim, utilizar os veículos de informação e comunicação para apresentar suas teses, formular suas idéias e opiniões, e, ao mesmo tempo entregar de mão beijada a legitimidade acadêmica-institucional que a grande mídia precisava para balizar suas ações, e também, necessária para que os aparelhos de poder propaguem os valores, a ética e o seu compromisso de classe, ou seu "devir" histórico elitista.
Assim, podem, de forma pretensiosa, explicar como essa sociedade funciona, segundo as suas perspectivas de estamento e classe e impor seus métodos de cooptação.
A imposição dos métodos de expansão do domínio econômico, a concentração do poder político e do privilégio da informação podem vir de encontro com o que quer a sociedade em termos de consumo de bens tangíveis e intangíveis. Se o consumo alienado e esquizofrênico parece ser o objetivo de uma grande massa de burgueses e pequenos burgueses, e a filosofia de vida que contempla esses valores está conectada, então, as idéias batem.
Mas, se a desigualdade econômica e social está estancada ou subjacente (mantida com políticas de apaziguamento via políticas públicas de emprego e renda) quem impedirá que os economistas e os cientistas políticos continuem a ensinarmos como o mundo funciona sem a tão alardeada luta de classes. Eles  dizem que essa história de luta de classes é coisa do século XIX e quem sabe poderia até ser considerado um período de acomodação do capitalismo.
Será que a luta de classes terminou mesmo ou ela só existiu e ainda existe na cabeça daqueles que não foram doutrinados segundo uma perspectiva mais neutra ou imparcial dos acadêmicos das ciências políticas e econômicas. Reflitam e contribuam para desfazer essa dúvida.

Autor: Marcelo Gonçalves Marcelino

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