quarta-feira, 14 de abril de 2010

Segundo Hobsbawm, individualmente o homem mais importante do século XX

140 anos do grande Lenin.

Um grande político e líder mundial de verdade


Por Comitê de apoio ao jornal A Nova Democracia 13/04/2010 às 17:39
Artigo do sociólogo e professor Fausto Arruda publicado no jornal A Nova Democracia n° 64 (abril de 2010).

Neste mês de abril completa-se 140 anos do nascimento do grande revolucionário marxista russo, Lenin.

A Revolução de Outubro de 1917 na Rússia estremeceu o mundo, abrindo uma Nova Era na história da Humanidade. Entre os grandes abalos que provocou deu a conhecer ao mundo a figura de um homem simples, de baixa estatura, mirada aguda e voz enérgica, o chefe do Partido Comunista da Rússia (bolchevique) e da revolução Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido pela alcunha de Lenin. Mas para a feroz polícia política do czarismo, a Okrana, não significou novidade alguma, já que por longos anos tivera o revolucionário como o mais procurado. Tampouco foi para os chefes do oportunismo (mencheviques e socialistas-revolucionários) que com a revolução democrática de fevereiro de 1917, investiram-se de novos representantes da burguesia e do imperialismo à cabeça do Governo Provisório e que após as greves e manifestações operárias armadas de julho daquele ano lançaram seus agentes numa frenética perseguição ao líder bolchevique.

Mas se não bastaram suas façanhas que culminaram no Grande Outubro, os dias que se seguiram ao estremecedor acontecimento se encarregaram de revelar a todo o mundo e por completo a dimensão de um chefe da classe mais revolucionária da história, o proletariado, quando este toma o poder e começa a erigir seu Estado. Os dramáticos e tão curtos 6 anos e dois meses que Lenin esteve à frente do primeiro Estado proletário socialista (outubro de 1917 a janeiro de 1924), foram demasiados e suficientes para deixar patente sua estatura de político com P maiúsculo, de grande chefe internacional da classe operária e de gigante entre gigantes do pensamento e ação.

Diante do aprofundamento sem par da crise de todo o sistema capitalista ? que para sua conjura exige novos planos e novas máscaras para sustentar seu domínio político ?, os imperialistas manejam com frenesi as mais potentes máquinas de propaganda (marketing) que a história já conheceu na orquestração de promover a grandes estadistas e líderes mundiais gente como Obama, Luiz Inácio, et caterva.

À sombra da figura ciclópica de Lenin, no pântano da mediocridade, em sua insignificância e dimensão minúscula, sumidades em coisa alguma, as figuras dos novos fantoches do imperialismo apenas medram.

Que brutal diferença! Colosso e pigmeus!

A trajetória e obra do grande comunista

Vladimir Ilitch Ulianov nasceu em 22 (9) de abril de 1870. Aquele que viria a ser conhecido como Lenin pelo proletariado e povos revolucionários do mundo todo passou a infância e início da juventude em sua cidade natal, Simbirsk (atual Ulianovsk). Filho de um inspetor escolar, Volodia (seu apelido de infância) era um estudante aplicado e leitor compulsivo. Perde o pai em 1886 e no ano seguinte seu irmão mais velho, Alexandre, é executado por liderar um atentado contra o czar Alexandre III. Todos os cinco irmãos de Lenin iriam se dedicar à luta contra o czarismo russo.

Ainda em 1887, Lenin é expulso da faculdade de Kazan por participar de atividades políticas revolucionárias. Em 1892 seria readmitido como aluno externo (sem permissão para frequentar as aulas) e em poucos meses é aprovado, em 1º lugar, nos exames de quatro anos de curso.

A forja de um revolucionário
Muda-se para São Petersburgo no ano seguinte, quando assume o marxismo, começa a escrever seus primeiros panfletos e a fazer propaganda revolucionária para o proletariado. Se aproxima do grupo Libertação do Trabalho, liderado por Plekhanov, que introduziu o marxismo na Rússia. Já envolvido em intensa luta ideológica contra os falsos revolucionários, Lenin funda em 1895 a Liga da Luta para a Libertação da Classe Operária, junto com Martov. Neste mesmo ano é preso por ter feito agitações políticas entre os operários. Sua pena: três anos na Sibéria. Lenin dedica-se intensamente este período para escrever sua primeira grande obra, O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia (publicado em 1899) e outros textos. No degredo oficializa a união com sua companheira Nadezhda Konstantinova Krupskaya, a quem havia conhecido em 1893 e o acompanharia até o fim da vida.
Influenciado pelas grandes greves operárias de meados da década de 1890, Lenin se colocaria o problema do processo revolucionário e a questão do partido passa a ganhar principalidade em sua obra teórica. A principal luta que se delineava era contra o economicismo e o espontaneísmo? formas de oportunismo no movimento operário russo ? e principais obstáculos à organização da vanguarda proletária. Lenin acompanharia da Sibéria o congresso de fundação do Partido Operário Social-Democrata Russo*, em 1898.
Cumprida sua pena, Lenin se dirige à Suíça, onde funda e dirige o jornal Iskra, que passa a porta-voz dos social-democratas (marxistas) russos e que era enviado periodicamente aos operários e camponeses de sua terra natal. Após a polarização em duas frações no partido: bolchevique (maioria) e menchevique (minoria), a direçãodo Iskra seria usurpada por Trotsky, Plekhanov e mencheviques, em 1903. Em 1902 publica Que fazer?, no qual fundamenta sua concepção da necessidade de um partido de novo tipo capaz de dirijir a luta política do proletariado até a tomada revolucionária do poder. Era uma contundente crítica ao economicismo dos que preconizavam a principalidade da luta econômica do proletariado e desprezavam o papel do partido da classe, da teoria revolucionária e da luta política.

Em 1903, no II Congresso do POSDR, Lenin lidera a fração vermelha bolchevique na luta contra o oportunismo dos mencheviques.

1904: a Rússia czarista entra em guerra contra o Japão. A precária situação da classe operária e dos camponeses russos, aliada à humilhante derrota para o Japão, acelera a elevação da consciência das massas. A autocracia estimula, através de sua polícia secreta, Okhrana, (em especial seu agente Zubatov), a formação de sindicatos ligados ao Estado e à Igreja Ortodoxa, para apaziguar o ímpeto revoltoso. Os social-democratas passam a atuar nas organizações de massas que vão surgindo.

Jornadas revolucionárias

Em 9 de janeiro de 1905, em São Petersburgo, uma manifestação pacífica de milhares de operários, liderados pelo padre Gapon, pretendia entregar um documento com as reivindicações dos operários ao czar. O "paizinho" dos pobres ordena então que as tropas abram fogo contra o povo, assassinando centenas e ferindo milhares de operários. Graças à consequente atuação dos social-democratas, as massas romperam com as ilusões com o Estado e suas instituições e o que se seguiu foi uma grande insurreição popular contra o czar. Em outubro, a maior greve da história rússa parou o país. Em dezembro, o povo novamente se insurgiu, desta vez em Moscou, já com a finalidade de derrubar a autocracia. Nesse período começam a aparecer os soviets, órgãos criados pelos prórios trabalhadores e nos quais os bolcheviques foram instruídos por Lenin a atuar, transformando-os no embrião de um poder popular. A repressão foi brutal e milhares de revolucionários foram massacrados pelas tropas czaristas em quase dois anos de combates.

No calor das jornadas revolucionárias de 1905, em abril, os bolcheviques se reuniram no 3º Congresso do POSDR, definindo o papel dirigente do proletariado na revolução democrática e tendo o campesinato como seu principal aliado. Os mencheviques realizaram uma conferência à parte e aprofundaram o abismo que os separava dos bolcheviques, definindo a burguesia liberal como dirigente da revolução. Essas e outras contradições importantes foram expostas por Lenin em sua obra Duas táticas da social-democracia na revolução democrática.

Os congressos de 1906 e 1907 do POSDR mostram uma crise na social-democracia. Uma nova unificação entre bolcheviques e mencheviques não dura muito e os prórios bolcheviques conhecem o fracionamento. Alguns, como Bogdanov e Lunatcharski, pretendem mesclar o materialismo dialético com filosofias de moda na época, na prática negando o marxismo. Materialismo e empiriocriticismo surge então em 1908, combatendo o abatimento revolucionário, bem como o reforçamento do idealismo e do misticismo, na esteira do terror policial czarista.

Reconstituindo o partido

Neste período, setores à direita do POSDR, notadamente os mencheviques, defendem a liquidação do partido e a capitulação às forças da autocracia. Dirigidos por Lenin, os bolcheviques persistem na construção do partido revolucionário clandestino e estabelecem uma tática flexível, aliando o trabalho legal e ilegal. Mais tarde, em 1912, quando do novo ascenso revolucionário, os bolcheviques logram realizar a Conferência do Partido em Praga, na Tchecoslováquia. Considerando que a luta com as frações oportunistas, mencheviques e outras, no marco de uma mesma organização, havia se esgotado, Lenin, partindo do entendimento de que no desenvolvimento do partido revolucionário do proletariado surgem frações que expressam linhas divergentes e que, chegado a determinado momento, a fração que sustenta a linha vermelha proletária tem que assumir a reconstituição do partido, conclui que os bolcheviques devem se estabelecer enquanto o partido revolucionário do proletariado, separando-se orgânicamente das frações oportunistas. Foi criado o jornal Pravda.

Nesses anos, a passagem do capitalismo de sua fase de livre concorrência à superior dos monopólios já se completara e com isto as contradições no seio desses monopólios e entre as potências ganharam novo vulto e significado, o da guerra como meio de resolvê-las. Os acontecimentos apontavam para num futuro breve um conflito de proporções ainda não conhecidas, a guerra mundial pela partilha do mundo entre as maiores potências. A política central dos governos das potências imperialistas passa à de preparação para a guerra.

Na II Internacional, com Bernstein e Kautski à cabeça, a traição à classe operária ganha força na forma do social-chovinismo, como a linha de aprovação no parlamento dos créditos de guerra, etc. Bernstein propugnava que o movimento é tudo, o objetivo final é nada. Outra de suas idéias revisionistas, defendida também por Kautski, é a teoria das forças produtivas, segundo a qual o socialismo se produzirá naturalmente se o capitalismo se desenvolver plenamente primeiro e que as forças produtivas se tenham desenvolvido enormemente. Após o triunfo da revolução na Rússia e na China, para se combater a concepção marxista-leninista de que no socialismo existem classes e luta de classes, a "teoria das forças produtivas" seria adotada por revisionistas como Trotsky, Bukharin, Kruschov, Liu Chao-shi e Teng Siao-ping. Teoria podre que foi o guia para a restauração capitalista na URSS após a morte de Stalin e na China após a morte de Mao Tsetung.

Lenin escreveria, em 1915, A bancarrota da II Internacional, A revolução proletária e o renegado Kautsky e outras obras de duro combate ao oportunismo, agudizando ao extremo a luta entre marxismo e revisionismo.

As atividades de Lenin vão elevando o marxismo a um novo patamar de desenvolvimento. Ainda em 1915, Lenin publicaria o texto Sobre a palavra de ordem dos Estados Unidos da Europa, no qual analisa a situação dos movimentos revolucionários nas condições do capitalismo em sua fase imperialista e chega à importantíssima conclusão de que é possível a vitória do socialismo num pequeno grupo de países ou mesmo em um só. Segue-se a publicação, em 1916, de Imperialismo, fase superior do capitalismo, no qual sintetiza as características do imperialismo como sendo capitalismo monopolista, parasitário e em decomposição e agonizante, porque esta era a fase de seu desenvolvimento máximo e última, as condições e a inevitabilidade de sua queda e a necessidade de sua substituição pela forma superior de organização da sociedade, o comunismo, representando um salto de qualidade na compreensão marxista sobre o capitalismo.

Em todas essas batalhas, Lenin nunca abriu mão de defender a essência do marxismo. Encarando a luta de classes como o motor da história, nunca se fartava de dizer que fora o poder, tudo é ilusão, e que tendo esse objetivo, a classe operária deveria se preparar e utilizar a violência revolucionária para derrubar a burguesia, seu velho Estado, substituir a ditadura burguesa pela ditadura do proletariado e construir o socialismo no rumo do comunismo.

Momentos cruciais

A I Grande Guerra Imperialista prosseguia desde 1914, impondo grandes sacrifícios ao povo russo, que servia à autocracia como carne de canhão nas trincheiras. Este terreno fértil para as idéias revolucionárias seria semeado diuturnamente por Lenin e seus camaradas. Em fevereiro de 1917 novamente os operários tomam as ruas. Uma manifestação de operárias reivindicava melhorias econômicas e a volta dos soldados para casa, quando foi duramente reprimida. Em instantes, já haviam centenas de milhares de operários em greve. O povo pegou em armas e derrubou a autocracia.

O governo provisório que se seguiu, composto pela burguesia liberal e diversos partidos oportunistas, incluindo os mencheviques e socialistas-revolucionários, trai todas as aspirações do povo, mantendo o país na guerra. Lenin, então no exílio, decide voltar à Rússia, onde lança a palavra de ordem de "todo poder aos soviets" e com as Teses de abril chama o partido a preparar a revolução socialista, uma vez que a revolução democrática havia sido conquistada no essencial. Suas posições triunfariam no VII Congresso do partido em junho de 1917.
No calor da crise revolucionária e em meio das tormentosas tempestades das massas enfurecidas, às portas da tomada do poder Lenin vê como fundamental fazer a defesa da concepção marxista do Estado para limpar o terreno dos engodos da burguesia, ilusões pequeno-burguesas e das falsificações revisionistas dos pseudo-marxistas. Formula então o seu demolidor Estado e Revolução, obra que mesmo inconclusa consagrou-se como um dos clássicos do marxismo.

Em 10 de outubro uma reunião do Comitê Central bolchevique decide pela preparação da insurreição e nomeia a Comissão Militar do partido. No dia seguinte, os dirigentes Kamenev e Zinoviev, que votaram contra a proposição de Lenin, revelam a decisão à imprensa (e, consequentemente, à polícia), delatando os planos bolcheviques. Lenin exige a expulsão imediata por alta traição dos dois membros do Comitê Central.
Nasce a pátria socialista
Em 25 de outubro (7 de novembro no calendário ocidental), orientados pela Comissão Militar, os contingentes armados de operários e soldados de Petrogrado tomaram o poder em nome dos soviets de operários, camponeses e soldados. Neste dia Lenin declararia no salão do Instituto Smolny: "a tarefa de construir um novo poder de que falavam os bolcheviques se realizou", e "agora, passemos à construção do socialismo", sendo ardorosamente aclamado pelas massas de delegados reunidos no II Congresso dos Soviets.

Urgia a necessidade de sair da guerra, mas com dignidade. Com instruçoes precisas de Lenin, Trotski é enviado a negociar a paz com os alemães, mas opôs sua própria e desastrosa consigna, o disparate de "nem paz, nem guerra". Sanado o prejuízo com a imposição de um acordo, a nascente pátria do proletariado passa a enfrentar a intervenção estrangeira numa guerra civil que duraria até 1921. Lenin sobrevive a uma tentativa de assassinato em agosto de 1918.

Internacionalista inflexível que era, Lenin não abriria mão de uma organização internacional que orientasse a revolução mundial. E em 1919, ainda em meio à guerra civil patrocinada pelas potências imperialistas para impedir os primeiros passos do poder soviético, dirige a criação da III Internacional, a Internacional Comunista. Com este novo centro, a revolução mundial avançará a grandes passos, e dezenas de partidos comunistas são fundados em países de todos os continentes sob sua orientação. Às vésperas do seu II Congresso, preocupado com o fracasso de levantes armados na Europa derivados principalmente de linhas sectárias, estreitas e esquerdistas, Lenin escreveria Esquerdismo, doença infantil do comunismo.

O incansável Lenin agora prepara os planos para a construção do socialismo. Elabora a Nova Política Econômica, essencial para a reconstrução do país destruído por longos anos de guerra imperialista e civil e para impedir a ruptura da aliança operário-camponesa, estabelece as linhas principais da economia, a eletrificação, a indústria, a agricultura. As terras dos antigos nobres e latifundiários são distribuídas aos camponeses, uma nova sociedade nasce.

Em maio de 1922 sofre o primeiro ataque cerebral, ficando parcialmente paralisado. Não chegaria a se recuperar totalmente, mas até parar de respirar, em 21 de janeiro de 1924, Lenin nunca deixou de trabalhar e se preocupar com o Poder Soviético, com a saúde de seus camaradas, com a vida das massas e de acreditar no futuro luminoso da humanidade, o comunismo.
___________________________

Nota

*A expressão social-democrata era como se denominavam os marxistas à época. Lenin às véspera da Revolução Socialista de outubro de 1917, argumentando sobre a necessidade de o partido ter a denominação científica correspondente à sua ideologia de classe proletária, propõe a nova denominação de Partido Comunista da Rússia (bolchevique).

O MARXISMO DA ÉPOCA DO IMPERIALISMO E DA REVOLUÇÃO PROLETÁRIA

Assim definiu Stalin ao defender as contribuições de Lenin dos ataques que os tergiversadores e inimigos do marxismo que pretendiam reduzir sua grande obra a uma "particularidade russa" ou uma "variante de marxismo para os países atrasados": "O leninismo é o marxismo da época do imperialismo e da revolução proletária. Mais exatamente: o leninismo é a teoria e a tática da revolução proletária em geral e a teoria e a prática da ditadura do proletariado em particular" (Stalin - Fundamentos do leninismo, 1924).

Lenin nos legou o leninismo. Seus aportes não constituem contribuições fragmentadas a um e outro aspecto do marxismo, mas sim, é um aporte integral a essa ciência. Em que consiste este aporte integral ao marxismo? Por que o é e como se explica? Consiste o leninismo numa segunda e nova etapa de desenvolvimento do marxismo.

Como o próprio Lenin afirmou ao fazer sua brilhante exposição do marxismo em As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo, "A doutrina de Marx é onipotente porque é exata. É completa e harmoniosa, dando aos homens uma concepção integral do mundo, inconciliável com toda a superstição, com toda a reação, com toda defesa da opressão burguesa. O marxismo é o sucessor legítimo do que de melhor criou a humanidade no século XIX: a filosofia alemã, a economia política inglesa e o socialismo francês". O marxismo, por assim dizer, conformou-se a partir destas três fontes, sendo, por sua vez, como um salto qualitativo e em unidade nas suas partes constitutivas, que são a economia política marxista, a filosofia marxista e o socialismo científico.

O leninismo, por sua vez, constituiu-se como segunda etapa ou segundo salto qualitativo deste desenvolvimento, porque seus aportes se deram nas três partes constitutivas do marxismo como um salto qualitativo destas como uma unidade.

Filosofia marxista

Na filosofia marxista, Lenin desenvolveu o materialismo dialético ao apresentar a teoria do reflexo, fundamentando a teoria do conhecimento. Avançou na dialética materialista ao sintetizá-la como a lei da "unidade e luta dos contrários", enfocando que nela "a unidade é transitória e relativa; e a luta permanente e absoluta". O esforço de Lenin na defesa do materialismo dialético histórico não se deteve a um estudo rigoroso e sistemático das obras de Marx e Engels, foi às próprias fontes de investigação dos fundadores do marxismo, principalmente na esfera da filosofia, submetendo as principais obras de Hegel a um profundo exame.

Na sequência da derrota da revolução de 1905, durante a reação stolypiniana, não foram poucos nas fileiras do POSDR os que perderam a fé na revolução. Principalmente entre a intelectualidade, logo apareceram os que pretendiam desfazer-se do marxismo, apoiando-se em novidades de época. Tratava-se de um dos mais ferozes ataques contra o marxismo, particularmente à sua filosofia, supostamente refutando o materialismo dialético com base em novos descobrimentos no campo de outras ciências, especialmente da física, com as idéias de Mach e seu seguidor na Rússia, Bogdanov. Lenin desmascara a pretensa nova corrente como nova reação do idealismo. Em sua obra Materialismo e empiriocriticismo, Lenin fez a defesa completa do materialismo dialético.
Economia política

Na economia política, analisou a passagem do capitalismo de sua fase de livre concorrência à dos monopólios como sua superior e última etapa, o imperialismo, o qual expressa a continuação em essência do capital, porém como uma fase particular, em que é capital monopolista, parasitário e em decomposição e agonizante. Em sua análise do imperialismo, sintetizou que o imperialismo nada mais era senão que a preparação das forças produtivas para um modo superior de produção e de organização da sociedade, o comunismo, e demonstrou a necessidade de sua destruição pela revolução proletária mundial.

Lenin dirigiu os primeiros períodos da construção do socialismo sentando as bases para o desenvolvimento e planificação estatal da economia, da indústria e a cooperação socialista da agricultura. Frente ao quadro de destruição e desorganização da produção, do desabastecimento, causados pelos anos de guerra (Primeira Guerra Mundial e a guerra contra os exércitos brancos russos e das potências imperialistas) lançou a Nova Política Econômica, um plano de economia mista, estatal-privada, mas sob o férreo controle do Poder Soviético, como um período prévio ao lançamento dos grandes planos da construção socialista.

Lenin rechaçou as tentativas de mesclar a economia política na construção do socialismo com influência das teorias burguesas, como a revisionista "teoria das forças produtivas". Neste sentido, respondendo a Bukharin, afirmou que a "a política é a expressão concentrada da economia" para demarcar terreno de que a política é a linha vital no trabalho econômico, como posteriormente sintetizou Mao Tsetung.

Socialismo científico

No socialismo científico, Lenin desenvolveu a teoria marxista sobre o partido, uma organização de combate da classe, da necessidade de sua construção ser baseada na unidade entre a teoria e a prática, para a edificação de um partido altamente disciplinado, de firmeza inquebrantável sustentada nos princípios científicos do comunismo e do manejo da teoria científica do conhecimento, forjado no fogo da luta de classes, capaz de tomar a iniciativa, o destacamento de vanguarda, um partido de novo tipo como chefe político e militar do proletariado. Lenin formulou ainda a concepção do centralismo democrático com um conjunto de princípios sobre o qual fundar a organização do partido revolucionário do proletariado.

Sobre a sua disciplina sintetizou: "E a primeira pergunta que se coloca é esta: como se mantém a disciplina do partido revolucionário do proletariado? Como se comprova? Como se reforça? Primeiro, pela consciência da vanguarda proletária e pela sua dedicação à revolução, pela sua firmeza, pelo seu espírito de sacrifício, pelo seu heroísmo. Segundo, pela sua capacidade de se ligar, de se aproximar e, se quiseres, de se fundir até certo ponto com as mais amplas massas trabalhadoras, mais que tudo com as massas proletárias, mas também com as massas não proletárias. Terceiro, pela justeza da direção política que esta vanguarda exerce, pela justeza de sua estratégia e tática políticas, com a condição de que as mais amplas massas se convençam desta justeza por experiência própria.Sem estas condições é irrealizável a disciplina num partido revolucionário verdadeiramente capaz de ser o partido da classe avançada, chamada a derrubar a burguesia e a transformar toda a sociedade. Sem estas condições, as tentativas de criar uma disciplina transformam-se inevitavelmente numa coisa vazia, numa frase, em gesticulação. Mas, por outro lado, estas condições não podem surgir de repente. Elas só se vão formando através de um trabalho prolongado de uma dura experiência: a sua formação é facilitada por uma teoria revolucionária justa que, por sua vez, não é dogma, mas que se constitui de forma definitiva em estreita ligação com a prática de um movimento verdadeiramente de massas e verdadeiramente revolucionário". (Esquerdismo, doença infantil do comunismo).

Demonstrou que o imperialismo é a ante-sala da revolução proletária, formulou e estabeleceu sua estratégia e tática e conduziu o proletariado da Rússia na revolução democrática de fevereiro, na tomada do poder na Revolução socialista de Outubro de 1917 e na defesa do primeiro Estado socialista contra a invasão imperialista na guerra civil e assinalou a necessidade da ditadura do proletariado durante todo o processo do socialismo. Compreendeu e definiu ainda que a revolução nos países oprimidos pelo imperialismo teria obrigatoriamente de desenvolver-se por etapas ? a revolução democrática e a socialista ? duas etapas distintas, porém num curso ininterrupto.

Lenin lutou tenazmente para desenvolver o marxismo nas condições da época e manter seus fundamentos contra os revisionistas da II Internacional, os trotskistas e os marxistas legais. Fundou a III Internacional em 1919, que teve como objetivo desenvolver a revolução mundial e a ditadura do proletariado.
Lenin agarrou com vigor e maestria o que condensa o problema de toda revolução para o marxismo, o Poder, e elevou os fundamentos da concepção marxista sobre o Estado. Formulou magistralmente sobre o apenas indicado por Marx, demonstrando que na sociedade socialista seguem existindo as classes e a luta de classes como um longo período que perpassa a transição do capitalismo ao comunismo. Nesta questão do Estado de forma geral e da ditadura do proletariado em particular reside a questão essencial distintiva entre as concepções marxista e revisionista.

Josef Stalin, maior discípulo de Lenin, foi o encarregado de sintetizar sua obra e lutar por sua aplicação da maneira mais consequente até seu falecimento em 1953. Posteriormente, sob o fogo traiçoeiro do novo revisionismo de Kruschov, o Partido Comunista da China, sob a chefatura inconteste de Mao Tsetung, se levanta na defesa do marxsimo-leninismo, elevando-o à sua nova, terceira e superior etapa, o maoísmo. Da mesma forma e magnitude que os aportes de Lenin fizeram saltar o marxismo à sua segunda etapa, as contribuições imortais do grande comunista chinês Mao Tsetung levariam o marxismo-leninismo a devenir-se em marxismo-leninismo-maoísmo.

A magistral obra de Lenin remonta a 52 grossos volumes organizados originalmente pelo Instituto do Marxismo-Leninismo, órgão criado e ligado ao Comitê Central do PCUS por iniciativa de Stalin. Obra que o habilita como um dos maiores teóricos da Humanidade, mas também o homem da prática revolucionária. De sua direção nasceu o comunismo russo e soviético, o partido de novo tipo da classe operária, o primeiro Estado de ditadura do proletariado do mundo e os primeiros anos da construção do socialismo que transformou a União Soviética em potência mundial.

Mas basta confrontarmos a estatura colossal de Lenin, seu monumental trabalho teórico e prático, os êxitos alcançados pelo povo soviético sob sua direção revolucionária, para divisarmos o abismo existente entre o grande dirigente do proletariado internacional e os anões oportunistas opositores do bolchevismo como Trotsky, Zinoviev e outros.

Quão distantes de Lenin estão os revisionistas da jaez apodrecida de Kruschov, Gorbachov e outros na ex-URSS, Liu Chao-shi, Teng Siao-ping e etc. na China. Que falar das caricaturas de partidos comunistas em nosso país e de seus corifeus revisionistas!


FONTE: http://www.anovademocracia.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2758&Itemid=152

Email:: comite.anovademocracia.rj@gmail.com

URL:: http://www.anovademocracia.com.br/
Maikon Ferreira

terça-feira, 6 de abril de 2010

A ofensiva desesperada contra Lula e Dilma

Postado no Viomundo

Blog do jornalista Luis Carlos Azenha
31 de março de 2010 às 22:05

Carrara: Operação “Tempestade no Cerrado”, o que fazer?

O PT é um partido sem mídia…

O PSDB é uma mídia com partido…

por Mauro Carrara

“Tempestade no Cerrado”: é o apelido que ganhou nas redações a operação de bombardeio midiático sobre o governo Lula, deflagrada nesta primeira quinzena de Março, após o convescote promovido pelo Instituto Millenium.
A expressão é inspirada na operação “Tempestade no Deserto”, realizada em fevereiro de 1991, durante a Guerra do Golfo.
Liderada pelo general norte-americano Norman Schwarzkopf, a ação militar destruiu parcela significativa das forças iraquianas. Estima-se que 70 mil pessoas morreram em decorrência da ofensiva.
A ordem nas redações da Editora Abril, de O Globo, do Estadão e da Folha de S. Paulo é disparar sem piedade, dia e noite, sem pausas, contra o presidente, contra Dilma Roussef e contra o Partido dos Trabalhadores.
A meta é produzir uma onda de fogo tão intensa que seja impossível ao governo responder pontualmente às denúncias e provocações.
As conversas tensas nos “aquários” do editores terminam com o repasse verbal da cartilha de ataque.

1) Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet.

2) Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata.

3) Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã.

4) Elevar o tom de voz nos editoriais.

5) Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”.

6) Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto.

7) Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias.

Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.

Quem está por trás

Parte da estratégia tucano-midiática foi traçada por Drew Westen, norte-americano que se diz neurocientista e costuma prestar serviços de cunho eleitoral.
É autor do livro The Political Brain, que andou pela escrivaninha de José Serra no primeiro semestre do ano passado.
A tropicalização do projeto golpista vem sendo desenvolvida pelo “cientista político” Alberto Carlos Almeida, contratado a peso de ouro para formular diariamente a tática de combate ao governo.
Almeida escreveu Por que Lula? e A cabeça do brasileiro, livros que o governador de São Paulo afirma ter lido em suas madrugadas insones.

O conteúdo
As manchetes dos últimos dias, revelam a carga dos explosivos lançados sobre o território da esquerda.
Acusam Lula, por exemplo, de inaugurar uma obra inacabada e “vetada” pelo TCU.
Produzem alarde sobre a retração do PIB brasileiro em 2009.
Criam deturpações numéricas.
A Folha de S. Paulo, por exemplo, num espetacular malabarismo de ideias, tenta passar a impressão de que o projeto “Minha Casa, Minha Vida” está fadado ao fracasso.
Durante horas, seu portal na Internet afirmou que somente 0,6% das moradias previstas na meta tinham sido concluídas.
O jornal embaralha as informações para forjar a ideia de que havia alguma data definida para a entrega dos imóveis.
Na verdade, estipulou-se um número de moradias a serem financiadas, mas não um prazo para conclusão das obras. Vale lembrar que o governo é apenas parceiro num sistema tocado pela iniciativa privada.
A mesma Folha utilizou seu portal para afirmar que o preço dos alimentos tinha dobrado em um ano, ou seja, calculou uma inflação de 100% em 12 meses.
A leitura da matéria, porém, mostra algo totalmente diferente. Dobrou foi a taxa de inflação nos dois períodos pinçados pelo repórter, de 1,02% para 2,10%.
Além dos deturpadores de números, a Folha recorre aos colunistas do apocalipse e aos ratos da pena.
É o caso do repórter Kennedy Alencar. Esse, por incrível que pareça, chegou a fazer parte da assessoria de imprensa de Lula, nos anos 90.
Hoje, se utiliza da relação com petistas ingênuos e ex-petistas para obter informações privilegiadas. Obviamente, o material é sempre moldado e amplificado de forma a constituir uma nova denúncia.
É o caso da “bomba” requentada neste março. Segundo Alencar, Lula vai “admitir” (em tom de confissão, logicamente) que foi avisado por Roberto Jefferson da existência do Mensalão.

Crimes anônimos na Internet
Todo o trabalho midiático diário é ecoado pelos hoaxes distribuídos no território virtual pelos exércitos contratados pelos dois partidos conservadores.
Três deles merecem destaque…

1) O “Bolsa Bandido”. Refere-se a uma lei aprovada na Constituição de 1988 e regulamentada pela última vez durante o governo de FHC. Esses fatos são, evidentemente, omitidos. O auxílio aos familiares de apenados é atribuído a Lula. Para completar, distorce-se a regra para a concessão do benefício.

2) Dilma “terrorista”. Segundo esse hoax, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”.

3) O filho encrenqueiro. De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil.

O que fazer?
Sabe-se da incapacidade dos comunicadores oficiais. Como vivem cercados de outros governistas, jamais sentem a ameaça. Pensam com o umbigo.
Raramente respondem à injúria, à difamação e à calúnia. Quando o fazem, são lentos, pouco enfáticos e frequentemente confusos.
Por conta dessa realidade, faz-se necessário que cada mente honesta e articulada ofereça sua contribuição à defesa da democracia e da verdade.
São cinco as tarefas imediatas…

1) Cada cidadão deve estabelecer uma rede com um mínimo de 50 contatos e, por meio deles, distribuir as versões limpas dos fatos. Nesse grupo, não adianda incluir outros engajados. É preciso que essas mensagens sejam enviadas à Tia Gertrudes, ao dentista, ao dono da padaria, à cabeleireira, ao amigo peladeiro de fim de semana. Não o entupa de informação. Envie apenas o básico, de vez em quando, contextualizando os fatos.

2) Escreva diariamente nos espaços midiáticos públicos. É o caso das áreas de comentários da Folha, do Estadão, de O Globo e de Veja. Faça isso diariamente. Não precisa escrever muito. Seja claro, destaque o essencial da calúnia e da distorção. Proceda da mesma maneira nas comunidades virtuais, como Facebook e Orkut. Mas não adianta postar somente nas comunidades de política. Faça isso, sem alarde e fanatismo, nas comunidades de artes, comportamento, futebol, etc. Tome cuidado para não desagradar os outros participantes com seu proselitismo. Seja elegante e sutil.

3) Converse com as pessoas sobre a deturpação midiática. No ponto de ônibus, na padaria, na banca de jornal. Parta sempre de uma concordância com o interlocutor, validando suas queixas e motivos, para em seguida apresentar a outra versão dos fatos.

4) Em caso de matérias com graves deturpações, escreva diretamente para a redação do veículo, especialmente para o ombudsman e ouvidores. Repasse aos amigos sua bronca.

5) Se você escreve, um pouquinho que seja, crie um blog. É mais fácil do que você pensa. Cole lá as informações limpas colhidas em bons sites, como aqueles de Azenha, PHA,Grupo Beatrice, entre outros. Mesmo que pouca gente o leia, vai fazer volume nas indicações dos motores de busca, como o Google. Monte agora o seu.