sábado, 15 de maio de 2010

Humildes lições de economia: política e economia andam juntas no Brasil e no mundo

A economia brasileira no governo Lula continua seguindo a cartilha do neoliberalismo da era dos Fernandos no que tange a política monetária excessivamente controlada pelo Banco Central. A política macroeconômica capitaneada pela política monetária decidida pelo Comitê de Política Monetária - COPOM - tem a capacidade de interferir praticamente em todas as políticas públicas do governo federal pelo fato de exercer o monopólio da atividade econômica agregada. A chave do cofre está nas mãos do Banco Central - BACEN - e a decisão de concentrar renda e riqueza na direção dos potentados detentores do capital nacional e estrangeiro passa pelos interesses privados, mesmo no caso de um BACEN constitucionalmente dependente das decisõe governamentais e sua capacidade de implementar políticas públicas.
Se o mercado (essa entidade transcedental para os sofisticados ou metafísica para os filósofos) decide que a melhor opção será a de aumentar as taxas de juros para controlar a inflação o governo cede a pressão, já que na sua equipe de governo existem porta vozes desse mesmo mercado, haja visto, o presidente do BACEN - Henrique Meirelles (ex-presidente mundial do Banco de Boston). Os interesses do mercado, a cooptação ideológica e a servidão acadêmica dos economistas confirmam essa prática nefasta de controlar a inflação através de políticas monetárias contracionistas (diminuição da liquidez - menos dinheiro irrigando a economia real). Países desenvolvidos não admitem juros altos e ao mesmo tempo não apresentam índices inflacionários altos. Então, como eles controlam a inflação? através de um nível de oferta agregada bastante elevado (produção em grande escala - nível tecnológico avançado e competitividade - apesar da globalização financeira ter deixado o setor produtivo mais concentrado - oligopolizado) e juros baixos para estimular a produção e não a mobilidade de capital na direção do setor financeiro.
Altas taxas de juros - no caso brasileiro as maiores taxas reais do mundo - inviabilizam a produção a médio e longo prazo, concentram renda nas mãos dos endinheirados, diminuem a nossa competitividade externa por valorizar demais a nossa taxa de câmbio e enfraquecem a nossa economia na sua essência. Moedas sobrevalorizadas - valorizam devido a atração de dólares quando os juros aumentam no Brasil - esses dólares inundam o mercado e desvalorizam; desta forma, provocam o efeito oposto, isto é, valorizam a moeda nacional - o Real. Economias inconsistentes não podem ter moeda forte, como é o caso do mais novo país falido da Europa - a Grécia. O aumento explosivo da dívida pública ocorre justamente quando o artificialismo econômico dos juros altos ou valorização excessiva da moeda faz com que o déficit na balança comercial aumente até o ponto que esses déficits sucessivos tornem-se crônicos e a dívida exploda. A solução mais acertada nesse tipo de situação é o default - moratória ou calote, e no caso da Grécia a saída da Zona do Euro imediatamente.
Outra falácia recorrente da mídia e dos economistas dos banqueiros é dizer que o governo precisa cortar gastos para equilibrar as contas públicas. Segundo esses magos sagrados dos mercados os juros são altos devido ao desequilíbrio das contas públicas no caso brasileiro; mas a questão passa por uma lógica inversa a essa apresentada.
O corte de gasto público é apresentado como um mal a sociedade, mas é certamente ele que detém a maior capacidade de fazer a economia funcionar para a maioria desde que as opções políticas encaminhem as demandas da sociedade. A gastança é considerada positiva quando bilhões ou trilhões de reais ou dólares são utilizados para o salvamento de montadoras de automóveis ou principalmente bancos. O bolsa família no Brasil representa cerca de 0,3% do PIB e mesmo assim algumas campanhas apresentam o programa como o responsável por deixar os brasileiros que precisam desses recursos ociosos e inaptos ao trabalho remunerado. A direita fascista desse país busca desqualificar políticas públicas dessa natureza, mas não em público, de forma direta, porque sabe que essa estratégia é suicida politicamente. Sabe-se que programas como o bolsa família e "Minha casa, minha vida" não são gastos, mas sim investimento, que renderá socialmente e economicamente em pouco tempo o mínimo suficiente para diluir a pobreza e aumentar a capacidade da economia de avançar em questões há muito subjugadas.
O administrador público ou privado que não perceber essa mudança sofrerá as consequências dos seus erros políticos e opções equivocadas em termos de ação e conduta em um mundo cada vez mais complexo e interligado. A ganância econômica e financeira continuará em um sistema capitalista cada vez mais concentrado e contraditório, mas os reveses não irão cessar e a luta de classes ascender como forma de tentar evitar a catástrofe social e humana, haja visto a Grécia.

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