quinta-feira, 13 de maio de 2010

Humilde lições sobre economia - em especial a economia brasileira atual e seus links com a economia mundial

A economia brasileira atual segue a cartilha do mercado financeiro global, principalmente para uma nação com uma elite empresarial entreguista e com visão de curto prazo como a nossa. Segue algumas abordagens explicativas e críticas sobre o processo de condução da política econômica comandada pelo monetarismo.

 - O Banco Central do Brasil age como o banco dos bancos no Brasil. O BACEN - Banco Central do Brasil através do COPOM - Comitê de Política Monetária decide em um intervalo de aproximadamente 2 meses qual deverá ser a taxa básica de juros da economia no Brasil. Essa decisão não se realiza por decreto, mas sim, a partir de uma sugestão do COPOM. Portanto, a taxa básica de juros da economia passa por uma espécie de definição surreal; quer dizer, a sugestão do COPOM chega aos ouvidos do mercado financeiro, que negocia os empréstimos geralmente entre os bancos a partir da taxa sugerida, e, desta forma, os juros básicos serão repercutidos e evidentemente ampiados no que tange ao seu valor. Os juros foram definidos atualmente em 9,5% ao ano - a maior taxa de juros real do planeta - mas no cartão de crédito chega a ultrapassar 200% ao ano.

- A campanha dos meios de comunicação, a cooptação ideológica, a posição dos economistas dos banqueiros e as pressões de mercado surtiram efeito desejado sobre esse aumentos da taxa básica de juros com o objetivo de controlar a inflação. Mas a inflação nos países desenvolvidos há muito tempo encontra-se em patamares baixos e os juros caminham no mesmo sentido. Qual a razão então para que se combata a inflação com juros altos? A inflação brasileira tornou-se bastante contornável nos últimos tempos e pode ser considerado um resfriado. Mas a política monetária pode ser comparada a uma quimioterapia para um paciente com um resfriado. O paciente morrerá pelo tratamento e não pela doença. Utilizo desta analogia para afirmar que a inflação brasileira está sobre controle e que um aumento dos juros acarretará na piora dos indicadores econômicos, em especial o câmbio no sentido da sobrevalorização - implicando em perda de competitividade externa, aumento da dívida pública, diminuição dos investimentos produtivos privados e concentração de renda e riqueza. Portanto, juros altos não controlam a inflação de forma isolada, mas sim, os seus impactos nefastos sobre a economia, fazendo com que os investimentos, renda e empregos sofram quedas ao longo do tempo implicando em diminuição do ritmo de crescimento,  acarretando na queda dos preços - menos vendas = menos inflação, já que os preços não sobem.

- As questões relacionadas a câmbio e juros estão conectadas com as principais crises econômicas mundiais. A Grécia se tornou a nação mais visada nas últimas semanas devido a crise financeira. A Grécia me parece a triste prova de que economias inconsistentes não podem conviver com taxas de câmbio valorizadas. Moeda forte artificialmente não são para os fracos, mas sim para aquelas nações que tem economias sólidas com lastro baseado na produção. Para aqueles que querem se livrar das armadilhas neoliberais o pacote inclui moratória, default ou o famoso calote da dívida e ao mesmo tempo a retirada da zona do Euro, caso grego.

- Para o Brasil a lição dos mercados está sendo seguida em detrimento da lição da prudência e da construção de uma alternativa autônoma para a economia e consequentemente para a sociedade brasileira; mas o governo Lula empurrará o problema para aqueles que os sucederem. O avanço em relação algumas políticas públicas e as relações diplomáticas com o exterior permitiram ao Brasil mudar o rumo na direção de uma nação mais digna, mas não basta, já que a chave do cofre permanece em poder de um Banco Central praticamente independente do governo.

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